De segunda a domingo, manhã,
tarde ou noite, o trânsito em Jacarepaguá virou um verdadeiro caos. Ruas
interditadas, buzinas, apitos dos guardas de trânsito, barulho dos motores,
bate estacas, escavadeiras, lama, fumaça dos motores e muito mais ... É o dia a
dia do bairro. São as obras para o BRT passar. Tudo em nome das obras para a
Copa do Mundo e as Olimpíadas. Mas, alguém perguntou se os moradores queriam
isso?!
Já vimos esse filme antes quando,
na gestão do ex-prefeito Cesar Maia, foram feitas obras em vários bairros. A
Taquara, principalmente, ficou paralisada durante vários meses. Os moradores
perderam o sossego. Muitos lojistas tiverem que fechar as suas portas.
Agora, além de todo o transtorno,
os despejos e os escândalos, como o que estourou recentemente na impressa sobre
os gastos com a Transolímpica, uma via expressa que ligará a Barra até Deodoro,
vemos um projeto tecnologicamente ultrapassado sair do papel, acompanhado de um
boom imobiliário sem precedentes.
O BRT não é um projeto novo,
pois, foi pioneiramente implantado na cidade de Curitiba, Paraná, no final dos
anos 1970 e início dos anos 1980. No Rio de Janeiro, esse projeto foi pensado
pelo Governo Brizola. O projeto do Governo, naquela época, tinha compromisso
com os interesses públicos. Não podemos esquecer que o Governo Brizola encampou
as empresas de ônibus do Rio de Janeiro, numa queda de braço com os empresários
desse setor, depois, devolvidas aos seus antigos donos pelo governo Moreira Franco,
o que dispensa comentários. Para essa região, era previsto o metrô de
superfície ou pré-metrô, projeto pensado desde os anos 1970, quando da
implantação do metrô, mas, muito melhor, já que transportaria mais passageiros,
além de ser mais seguro e ecologicamente correto.
O atual projeto (BRT) já nasce,
assim, velho tecnologicamente e atende, basicamente, aos carcomidos interesses
dos grupos monopolistas dos transportes nessa cidade. A prefeitura do Rio ignora
completamente as propostas para solução do sistema de transporte na Baixada de
Jacarepaguá, como a apresentada pelo Clube de Engenharia, em 2011, que propõe a
criação de uma “Linha de Integração” Metrô-Rio ao longo do traçado da
Transcarioca e outra no subsolo da Linha Amarela.
Márcio Franco
Junho/2013
Publicado no Jornal Abaixo
Assinado de Jacarepaguá
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