quinta-feira, 27 de março de 2014

A União Nacional dos Estudantes elabora e disponibiliza cartilha em seu site!

 
 Material pode está disponível na internet para combater os “tubarões do ensino”

A União Nacional dos Estudantes lançou no começo do mês de março a cartilha “Educação não é mercadoria”. O objetivo da publicação é denunciar os abusos que os chamados “tubarões do ensino”, os empresário da educação, cometem rotineiramente. Os problemas no ensino superior privado vão da questão pedagógica à falta de infraestrutura e abuso no aumento das mensalidades. Para combater o poder do dinheiro sobre a educação, a cartilha da UNE traz uma série de orientações e instrumentos para os estudantes lutarem por seus direitos.
Abaixo, a UNE disponibiliza a íntegra da cartilha “Educação não é mercadoria”:

 

DESRESPEITO AOS ESTUDANTE EM TODO O BRASIL

A combatividade do movimento estudantil tem gerado amplo debate na sociedade para que a educação deixe de ser tratada como mera mercadoria. A União Nacional dos Estudantes tem acompanhado de perto a luta dos estudantes das Universidades Gama Filho e UniverCidade, no Rio de Janeiro, instituições descredenciadas pelo Ministério da Educação (MEC).  Hoje, os estudantes se mobilizaram para exigir a criação de uma nova Universidade Federal: a Universidade Federal de Ciências Aplicadas do Rio de Janeiro (UFCARJ), com o CEFET-RJ incorporando o corpo discente e temporariamente os professores e funcionários das instituições descredenciadas.
Mas o caso das instituições do Rio de Janeiro não é isolado. A UNIVAG, no Mato Grosso; a FMU, em São Paulo e tantas outras universidades privadas sofrem – em menor ou maior grau – com problemas como cobrança de taxas abusivas, aumento de mensalidades, falta de qualidade, laboratórios e bibliotecas.
A UNE luta para que não se torne rotina o descredenciamento de universidades por falta de uma fiscalização eficiente. Para a entidade, é necessária a aprovação imediata do Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior (INSAES), que pode ser um importante instrumento para barrar o processo de desnacionalização do ensino superior e criar uma lei que regulamente fusões e transferências, fiscalize a efetiva realização do tripé ensino-pesquisa-extensão nas IES Privadas e garanta a sua qualidade.

fonte: UNE

UNESCO lança livro, com download gratuito, sobre a História e Cultura Africana, voltado para a Educação Infantil!

O livro é uma ferramenta fundamental e disponibiliza tanto para os professores responsáveis e compromissados com a educação da primeira infância quanto para os interessados de modo geral em uma educação e em um país justo e igualitário, conteúdos sólidos para a formação e o conhecimento sobre a riqueza, as diferenças e a diversidade da história e da cultura africana e suas influências na história e na cultura do povo brasileiro, em especial, da população afro-brasileira. Por meio dos projetos pedagógicos presentes na publicação, os(as) professores(as), a comunidade e os demais profissionais envolvidos com a história, a vida e a educação das crianças, poderão construir atividades e desenvolver práticas pedagógicas promotoras da igualdade étnico-racial.


Brasília: MEC, UFSCar, 2014.
fonte: UNESCO

Em entrevista, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) se mostra crítico à legislação partidária do país

Neste ano de eleições gerais e disputa pelo Palácio do Planalto, assumirá a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em maio, um magistrado que tem avaliação crítica sobre a legislação partidária do país e o sistema de financiamento das campanhas eleitorais. "O financiamento das candidaturas, desde o cargo de vereador até o presidente da República, foi capturado pelas empresas. O setor privado capturou a democracia no Brasil. É isso que temos que discutir", afirmou o juiz e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), José Antonio Dias Toffoli, em entrevista aoBrasil Econômico em Brasília. Ele defende uma ampla reforma política, que se não vier por iniciativa do Congresso, poderá vir por pressão da sociedade.
Para Toffoli, a estrutura dos partidos é outro grande desafio: "No Brasil, há proprietários de partidos políticos. São aqueles que controlam o dinheiro que vem do fundo, controlam o dinheiro que vem das doações e com isso fidelizam o filiado". Sua conclusão sobre o mensalão surpreende: "Não se tratou nem de corrupção ativa, nem de caixa 2. Usando uma palavra não técnica, o que houve foi extorsão. Determinados partidos disseram: ‘Eu vou para a base (de apoio parlamentar) se vocês me derem dinheiro para a campanha'". Há cinco anos como juiz do Supremo, Toffoli, com 47 anos incompletos, é ainda o mais jovem ministro, mas não teme permanecer na Corte até a aposentadoria, aos 70. Diz que no STF o tempo passa rápido e defende a vitaliciedade no cargo.
Glaucio Dettmar/Agência O Dia
O ministro do STF, José Antonio Dias Toffoli

Qual o balanço que o sr. faz do julgamento do mensalão?
A primeira lição tirada do julgamento, já adotada pelo tribunal, foi a prática de desmembrar os processos em relação àqueles acusados que não têm foro por prerrogativa de função. Este foi um grande ensinamento. Passamos todo o segundo semestre de 2012 julgando o processo, que tinha 30 acusados, dos quais apenas três tinham foro por prerrogativas de função. Se fossem apenas três julgados pela corte, só em termos de sustentação oral já ganharíamos um mês. O primeiro mês, de agosto, foi todo tomado apenas pelas alegações dos advogados. Agora, nós estamos desmembrando os processos quando há acusados sem foro por prerrogativas processados em conjunto com parlamentares.
O julgamento representou uma mudança de paradigma?
Foi uma questão muito ligada, no mundo político, ao financiamento de campanha. Trata-se da necessidade dos políticos de angariar recursos para as eleições. Dependendo do volume de recursos obtidos, um partido consegue eleger mais ou menos deputados. Outra lição que esse caso coloca é que algumas poucas pessoas dominavam os partidos. No Brasil, há proprietários de partidos políticos. São aqueles que controlam o dinheiro que vem do fundo, controlam o dinheiro que vem das doações e com isso fidelizam o filiado. É algo muito vinculado a um sistema de legislação partidária que talvez necessite de um aperfeiçoamento. Há necessidade, no mundo de hoje, de uma ampliação da base democrática. As novas tecnologias estão mostrando isso. Os partidos são dominados por poucos líderes - o Roberto Jefferson, por exemplo, ficou na presidência do seu partido (PTB) até ser condenado.
Valdemar da Costa Neto, ex-presidente do PL, hoje no PR, ainda é consultado na prisão...
Exatamente. Não que essas pessoas não possam ser ouvidas por sua inteligência ou por terem uma capacidade intelectual superavitária. Refiro-me ao fato de conseguirem manter esse controle sobre um partido político.
O sr. vê, então, duas distorções: o financiamento privado de campanha e o controle sobre a máquina do partido?
Exato. Quando o Supremo decidiu pela fidelidade partidária, em 2007, na verdade reforçou um modelo partidário que não foi alterado. Ao dizer que o parlamentar que muda de partido perde o mandato, está-se dando mais poderes às cúpulas para definirem quem tem ou não direito a um mandato político. Há um incentivo desse controle de poder por uma minoria. É necessária uma mudança de modelo. É algo complexo, porque é uma mudança a ser feita pelos beneficiários da própria legislação atual. Mas acredito que isso ocorrerá mais cedo ou mais tarde. Porque, caso contrário, se as pessoas não se sentirem representadas, elas irão às ruas, como ficou demonstrado em junho do ano passado. O voto em lista fechada, por exemplo, é algo que o brasileiro não aceitaria.
Por que o núcleo financeiro do mensalão acabou gravado com penas muito superiores às do núcleo político?
Foi decorrência da legislação. Pela decisão do Supremo, nesse caso, foram crimes diferentes, que têm penas diferentes, associadas ao número de ocorrências. O núcleo financeiro e o publicitário (composto por Marco Valério e seus sócios), pela decisão do STF, participaram de toda a operação e de todos os casos, enquanto os políticos ficaram adstritos aos atos específicos de seus partidos.
O PT sempre argumentou que se tratava de caixa 2 de campanha. Após o julgamento, ainda há possibilidade de uso do caixa 2?
Em minha opinião não se tratou nem de corrupção ativa, nem de caixa 2. Usando uma palavra não técnica, o que houve foi extorsão. Determinados partidos disseram: "Eu vou para a base (de apoio parlamentar) se vocês me derem dinheiro para a campanha". Ninguém diz que precisa do dinheiro para colocar no bolso ou comprar uma casa. Sempre se dá a desculpa de que é para campanha.
Após o mensalão, o sr. acredita que os candidatos ainda se arriscariam a ter caixa 2?
Se você perguntar aos prefeitos do país como eles conseguem aprovar suas leis, poderá verificar se esse julgamento alterou alguma coisa no mundo fático.
O sr., então, é cético em relação aos efeitos do julgamento?
Isoladamente, esse julgamento não refletirá uma mudança de cultura para a vida política brasileira se não houver alterações no modo de relacionamento entre os setores público e privado, no que diz respeito à democracia e ao financiamento da democracia. Devemos falar em financiamento da democracia, não em financiamento de campanha. Quem financia a democracia no Brasil é o cidadão pessoa física? A resposta é: não. Quem capturou o financiamento das candidaturas, desde o cargo de vereador até o de presidente da Republica, são empresas, pessoas jurídicas, são os interesses econômicos. Isso é facilmente aferível pela declaração dos partidos políticos a respeito de sua contabilidade e pela declaração das campanhas eleitorais em todos os níveis no Brasil. O setor privado capturou a democracia no Brasil. É isso que temos que discutir. É legítimo? É bom?
A solução é acabar com as doações das empresas?
É preciso repensar a forma de organização dos partidos. Há que se ter espaço para a democracia. As pessoas não estão estimuladas a participar dos partidos. E, no Brasil, os partidos não têm democracia interna. O financiamento de partidos e campanhas eleitorais por pessoas jurídicas é uma deturpação da democracia. A democracia não pode ser financiada por atores que não têm direito a voto. É evidente que esses atores representam interesses importantes. O país vive no capitalismo, é nosso modelo constitucional econômico. O capitalismo tem as suas peculiaridades, de buscar o lucro e, portanto, um mercado cada vez mais eficiente. É importante para o país ter grandes bancos, grandes empreiteiras, grandes empresas. Mas é importante para o país e para a democracia que esses atores dominem os agentes políticos através de doações?
Qual seria o modelo ideal?
Sou contrário à proposta que o PT defende, de financiamento público exclusivo. O cidadão tem o direito de expressar, inclusive através de seus recursos, aquilo que pensa. É sua liberdade de expressão. Um católico pode doar um valor para a sua igreja. Assim como é possível a liberdade de expressão religiosa, também é possível a liberdade de expressão ideológica. É legítimo que o eleitor ajude com seus recursos a ideologia de sua preferência. Proibir isso com financiamento público exclusivo de campanha também será uma inconstitucionalidade.
Qual sua posição sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo que questiona o financiamento empresarial?
Eu até já votei, no sentido de que a pessoa jurídica não tem o direito a essa participação na democracia. Há uma enorme injustiça, na medida em que a pessoa jurídica não vota e o poder econômico não é igualitário entre todas as pessoas, sejam físicas ou jurídicas. Ao lado desse financiamento misto, que seria um financiamento através do fundo partidário e também do financiamento de pessoa física, deve-se estabelecer um teto de gasto para as campanhas, que até hoje não foi fixado. Quem fixa o teto são as próprias candidaturas. A lei eleitoral prevê que até o dia 10 de junho de cada ano de eleição o Congresso edite uma lei fixando esse teto. Caso o Congresso não a edite, cada partido gasta quanto lhe aprouver. Ocorre que essa lei nunca é editada e a sociedade também não reclama. A lei devia ser mudada.
O sr. é favorável ao projeto de iniciativa popular promovido pelo Movimento Contra a Corrupção, que prevê o financiamento misto?
Sim. Aquele projeto é o ideal. Houve, por exemplo, uma grande mobilização conjunta de movimentos sociais e da imprensa em defesa do projeto da Ficha Limpa. O projeto foi aprovado praticamente por unanimidade. Mas não se vê essa discussão no financiamento da democracia porque a própria maneira de denominá-la - como financiamento de campanha - diminui sua importância. Por isso, reitero que a questão é o financiamento da democracia. Não há democracia sem financiamento. As contas apresentadas à Justiça mostram que, no Brasil, quem financia a democracia é o setor empresarial. Evidente que os candidatos acabam se comprometendo. Como se pode exigir que uma pessoa que foi financiada pela indústria de armas vote contra a venda de armas? Uma medida que adotamos agora no Tribunal Superior Eleitoral foi estabelecer que, durante a campanha, os partidos e as candidaturas informem quem são os seus doadores. Isto vai acontecer em agosto e em setembro. Dessa forma, o cidadão terá ao menos o direito de verificar por quem o candidato está sendo financiado.
O Congresso reage às decisões do Supremo, diz que o julgamento do financiamento de campanha é invasão do STF em área do Legislativo...
Mas se trata de uma leitura da Constituição. Só se a ideia for despir o Supremo do poder de ser o guarda da Constituição...
Seria, então, infundada a crítica de "judicialização" da política?
O Brasil tem uma Constituição extremamente analítica e prolixa. Tudo o que está colocado na Constituição tem por guarda o STF. Mesmo com uma Constituição muito menor do que a brasileira, talvez a Suprema Corte dos Estados Unidos seja mais "invasiva" que a nossa.
Então, não há intromissão do Supremo na discussão do financiamento de campanha?
Não. O que se está analisando é se, à luz da Constituição, pessoas jurídicas podem financiar a democracia. A Constituição fala que o sufrágio é para o cidadão e que se tem de afastar a influência do poder econômico. É uma decisão que não é do Congresso, é da Assembleia Nacional Constituinte, que cabe ao STF preservar.
Caso seu voto prevaleça e o financiamento privado seja julgado inconstitucional, será possível que a decisão entre em vigor já na eleição deste ano?
Seria necessário terminar o julgamento. Essa seria uma segunda discussão. Particularmente, penso que se a decisão for tomada a partir de 10 de junho, no início do processo eleitoral com as convenções, não se aplicará. Acho muito difícil que se aplique já para este ano.
Fala-se de uma divisão que existiria no Supremo, que opõe um grupo mais progressista a outro mais conservador, preso à letra da lei. O sr. vê essa divisão?
Não. O Supremo no Brasil tem uma característica que o difere dos outros. Aqui, a decisão é tomada ao vivo e em cores, com transmissão pelo rádio, pela televisão e pela internet. Não há uma discussão prévia, de bastidores. A decisão é uma construção feita no momento da sessão. Poucas pessoas sabem que isso é algo praticamente exclusivo do Brasil. Tirando o México, na América todas as decisões são tomadas em bastidores. A sessão pública é só para anunciar a decisão de bastidores, que ninguém acompanhou. Hoje há uma pressão nos EUA de grupos da imprensa e da área jurídica para a publicidade dessas sessões. Mas mesmo esse movimento para que a Suprema Corte tenha transmissão ao vivo de suas sessões é estranho em relação ao modelo que eles usam. Lá, por exemplo, não há uma distribuição dos processos. É o presidente quem indica o ministro que relatará cada processo. Aqui é por sorteio. Outra diferença é que o relator lá faz um draft, um rascunho, e passa para os colegas, que respondem se estão de acordo ou não. Em seguida começa um diálogo via assessores. No Brasil, é muito mais difícil criar grupos por identificação. Se for feita uma análise do STF, se verá que não existe há muito tempo um líder, uma referência para os colegas. No passado chegou-se a ter o Moreira Alves, o Sepúlveda Pertence. Hoje, já não há essa figura com ascendência sobre os demais. E é bom que não haja. Na corte dos EUA, o chief justice (equivalente ao presidente do Supremo no Brasil) tem uma ascendência sobre os outros.
Então os debates acalorados que acompanhamos na TV são espontâneos, verdadeiros?
São verdadeiros e acho bom. Porque trazem legitimidade.
Mas isso não desgasta a imagem do Supremo?
Eu sou favorável à transmissão porque garante o acesso de qualquer cidadão à sessão. Todo mundo gosta de um bom filme de júri, não? Um júri ao vivo toda semana é o melhor seriado que existe.
Voltando à questão da judicialização da política e da politização da Justiça, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado praticamente arquivou a PEC 058, que previa o fim da vitaliciedade dos ministros do Supremo. Foi uma vitória do Judiciário?
O Congresso tem todo o direito de debater e discutir a modelagem da Suprema Corte, faz parte da sua competência de legislador constituinte. Não há modelo ideal. Existe uma ideia no Brasil de que quem foi indicado por determinado grupo político tem fidelidade com quem indicou. A vitaliciedade impede essa fidelidade, porque dá liberdade para que a pessoa, quando coloca a toga nas costas, possa agir de acordo com seu conhecimento e sua convicção. Esse sistema de indicação com vitaliciedade dá total liberdade ao julgador. Tanto é assim, que se verifica no caso da Ação Penal 470 (a do mensalão) que muitos indicados pelo presidente Lula condenaram políticos do PT. Todos condenaram Delúbio Soares, o tesoureiro da campanha do presidente Lula; eu também. Quando alguém escreve que quem foi indicado vota a favor do governo, está prestando um desserviço à nação. Usa a autoridade de formador de opinião para não ser fiel aos fatos.
Diz-se que, quem deseja ser indicado, tem que fazer um movimento para que seu nome seja lembrado pelo presidente. Isso ocorre?
Respondendo por mim, não fiz movimento algum. Certo dia, após uma audiência que tive com o presidente Lula, como advogado geral da União, Gilberto Carvalho (atual ministro-chefe da secretária-geral da Presidência, então chefe de gabinete do presidente) me informou que o presidente desejava falar comigo no dia seguinte. Ele disse: "Eu acho que ele vai te convidar. Você aceitaria?". Respondi que seria uma honra. Agora, eu era do círculo de convivência do presidente Lula, nem fazia sentido eu fazer algum movimento.
Comenta-se que Joaquim Barbosa teria procurado Frei Betto para ser indicado...
Nesse caso, eu posso falar porque estava no Palácio do Planalto na época. Joaquim Barbosa foi procurado para ser ministro, não procurou ninguém. Creio que todos os que estão no Supremo indicados pelo Lula foram procurados.
Sendo o mais jovem dos ministros, como o sr. vê o horizonte de ficar no Supremo por mais 23 anos (até os 70 anos)?
Quando eu penso que já passaram quase cinco anos desde que entrei no Supremo, me assusto. Vejo que vou chegar aos 70 muito rapidamente. No Supremo não tem dia triste, nem dia sem ter o que fazer; o tempo passa muito rápido. A cada dia, são dezenas de decisões que se toma.
O sr. é a favor de ampliar o limite para 75 anos?
Sou a favor da vitaliciedade americana, que é até morrer.
Neste ano de eleições gerais, o sr. terá a tarefa de presidir o Tribunal Superior Eleitoral. Como encara o desafio?
O Brasil tem um modelo exemplar para o mundo em termos de organização de eleição. É algo que nós temos para nos orgulhar, ao lado de outros setores como o Itamaraty e a Receita. Existe no servidor público do Poder Judiciário, nos seus juízes e tribunais, muita dedicação. Dou testemunho desde que era advogado - de oposição e de situação. No dia da eleição não é necessária nenhuma sanção para que o cidadão seja mesário. Quando viajo a outros países, é triste ver uma mesa que não começou no horário, porque não apareceu mesário. No Brasil, não temos esse tipo de problema. Temos um setor de excelência na Justiça Eleitoral.
Em relação às disputas judiciais, a tarefa será mais complexa?
Elas já começaram. Já há ações no próprio TSE em relação a campanhas antecipadas. Isto mostra que esta será uma campanha bastante disputada. Particularmente, acho bom, porque quanto mais disputa, mais transparência e mais democracia.
Seria possível antecipar o início das campanhas?
Tenho uma visão particular que atualmente é minoritária. Sou favorável a uma maior liberdade para as discussões pré-campanha, desde que não se faça pedidos de voto. A campanha antecipada é vedada por lei, mas a lei não define o que é campanha. Se não se criar um parâmetro para a maneira de julgar, cai-se no subjetivismo. Em minha visão, se há pedido de voto e se há pedido de cargo, isto é campanha antecipada. Mas os debates que ocorrem sem pedido de voto não podem ser considerados como campanha antecipada. Precisa haver o diálogo. Não se trata de pedir voto, mas de discutir propostas.
E a desincompatibilização?
É um paradoxo. Se for pelo fato do eventual uso da máquina, haverá um vice que fará esse uso. O que tem que se fazer é coibir o uso da máquina. Neste aspecto, a legislação no Brasil está bem colocada. Vejo como natural que aquele que é candidato à reeleição possa permanecer no cargo. Seria até um beneficio se afastar, porque não haveria os ônus do cargo. Há um bônus natural que é o holofote, a exposição própria do cargo. No que diz respeito à campanha presidencial, a partir de minha experiência como juiz eleitoral e como advogado, os cuidados são grandes. Acontecem muitos abusos nas campanhas municipais.
E a internet, é um desafio?
Como toda nova tecnologia, vamos aprendendo juntos quais são os parâmetros de utilização. Tenho preocupação de se tolher a liberdade de expressão individual, por exemplo, nas redes sociais, que a rigor são comunidades que se reúnem como em uma sala física ou num clube. A diferença é que este clube hoje é muito mais amplo, maior, e sem espaço físico. Penso que a legislação deve combater a mentira e a calúnia. E isso já está previsto nela.
A ideia é dar direito de resposta imediato?
Exatamente, dar o direito de resposta e retirar a informação da internet. Em relação a isso, a legislação está bem posta.
Na campanha, devem mencionar sua relação com o governo, lembrar que o sr. foi advogado do PT. O sr. teme isso?
Isso só vai partir de pessoas desinformadas, que não acompanham meu voto e minha vida. Duvido que alguém que se coloque como candidato a presidente da República tenha esse pensamento. O senador Aécio Neves (pré-candidato pelo PSDB) e o governador Eduardo Campos (pré-candidato pelo PSB) conhecem muito bem como eu voto. Os advogados deles conhecem - e o maior fiscal dos juízes são os advogados.

sábado, 22 de março de 2014

O Resgate da verdadeira história do Brasil

O presidente Estadual do PCdoB-RJ, João Batista Lemos convida amigos e militantes para o ato de devolução simbólica dos mandatos dos deputados comunistas cassados em 1948. O evento, de iniciativa da deputada estadual enfermeira Rejane e da deputada federal, Jandira Feghali, ocorrerá na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, na próxima segunda-feira (24), às 9 horas. Segue abaixo convocação:


 Ato de devolução simbólica dos mandatos comunistas
 Ato de devolução simbólica dos mandatos comunistas 
Vivemos, nos últimos 13 anos, o período com maior liberdade democrática de nossa história. Isso não quer dizer, obviamente, que este seja um período isento de graves contradições sociais e políticas. Sabemos que em boa medida estas contradições são imanentes ao sistema capitalista, que buscamos superar com a incessante luta pela elevação da consciência e da mobilização política do povo, através do aprofundamento da democracia e da ampliação radical dos espaços de intervenção popular.

No entanto, mais uma vez setores reacionários surgem com propostas golpistas, anticomunistas e proto-facistas. Apesar de minoritários, estes grupos são incentivados pelo discurso ultraconservador da mídia hegemônica, que influencia parcelas significativas das camadas médias.

Por tudo isso, reveste-se de grande importância atos como o do próximo dia 24 de março, quando completa-se simbolicamente a devolução dos mandatos dos 15 parlamentares do Partido Comunista do Brasil, cassados pela reação em 1948.

O ato simbólico de devolução dos mandatos já ocorreu em Brasília e completa-se no Rio, pois o atual plenário da ALERJ era onde então funcionava o Congresso Nacional e foi o palco da insidiosa cassação, hoje anulada por atos do Senado e da Câmara.

Estarão presentes os familiares dos parlamentares cassados; o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Henrique Eduardo Alves; o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo; o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE); entre outras autoridades. A iniciativa do ato partiu das Deputadas comunistas Enfermeira Rejane (dep. Estadual) e Jandira Feghali (dep. Federal).

No marco pela comemoração dos 92 anos de fundação do Partido (25/03/1922) convido você a comparecer, fortalecendo com sua presença esta celebração democrática.

Os parlamentares comunistas eleitos em 1946 servem de inspiração para todos os que, em nossa pátria, seguem na luta pela democracia e pelo socialismo.

João Batista Lemos
Presidente Estadual do PCdoB-RJ

Serviço:

Ato de devolução simbólica dos mandatos comunistas
Início: 9h
Local: Alerj – Plenário Barbosa Lima Sobrinho
Endereço: Av. Pres. Antônio Carlos - RJ


fonte: vermelho.org

quarta-feira, 19 de março de 2014

Cartaz Sobre Violência Contra as Mulheres


Nota Pública de Repúdio SEPE Regional 2 ( Madureira e Adjacências)

Violência na escola: um descaso permanente
Mais uma professora é agredida dentro da escola.


A Direção da Regional 2 do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (SEPE) torna público sua total solidariedade aos  profissionais da educação do CIEP  Antonio Candeia Filho (SME/ 6ª CRE)  e em especial a professora Michelle  , quanto ao episódio ocorrido na escola, no último dia  11 de março. O SEPE repudia qualquer ato de violência nas escolas. Chamamos a atenção, no entanto, para a grave crise nas redes municipal e estadual de Educação do Rio de Janeiro, que sofrem com a falta de pessoal, condições de trabalho e saúde e a valorização profissional.

Incidentes como este vêm se repetindo de várias formas nos últimos anos. O nível de estresse dos profissionais que trabalham nas escolas chega a um ponto nunca visto em nossa categoria. O professor, no seu dia-a-dia de trabalho, convive com turmas superlotadas; se aflige com a falta de uma política pedagógica coerente por parte da Secretaria de Educação, mudada a cada ano sem uma discussão aprofundada com a comunidade escolar. Contribuindo com a manutenção de sua política MERITOCRÁTICA que aprofunda com a falta crônica de estrutura nas escolas e a terceirização dos serviços.

A Direção da Regional 2 do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (SEPE) vem denunciando a falta de profissionais de educação, professores, funcionários administrativos e auxiliares nas redes públicas do Município e do Estado do Rio de Janeiro, gestores rebatem as denúncias dizendo se tratar de excesso de sindicalistas interessados apenas em tumultuar a ordem pública. Pois aí está mais um  resultado do descaso, da falta de seriedade com a coisa pública e com as vidas humanas: Professora é agredida dentro da escola.
Professor e funcionário na escola é responsabilidade do poder público, que deve zelar por sua segurança.
Em todo este tempo, que já é longo, toda a vez que a  REGIONAL 2 do SEPE denunciou a violência nas escolas, o poder público sempre apresentou a justificativa social.
Diante desta brutalidade sem precedentes, para nós, tanto a Secretária de Educação Cláudia Costin, quanto o prefeito Eduardo Paes devem ser chamados à responsabilidade.
O que eles dirão à nossa sociedade?
Não podemos admitir que esta situação torne-se tão comum como já vem acontecendo.

O SEPE,  completará 37 anos de lutas neste ano, reafirmando os seus princípios em defesa da escola pública gratuita, democrática, laica, universal e de qualidade social.

Rio de Janeiro, março de 2014.

Direção do SEPE REGIONAL 2

Educadores em greve nacional!

O Rio de Janeiro não participa do movimento.


Greve nacional - 1ª dia: São Luís/MA A greve nacional da educação começou nesse dia 17/3 e foi organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que representa mais de 3 milhões de educadores das redes públicas de ensino de educação básica. Os profissionais exigem o cumprimento da lei do piso, carreira e jornada, investimento dos royalties de petróleo na valorização da categoria, votação imediata do Plano Nacional de Educação, destinação de 10% do PIB para a educação pública, contra a proposta dos governadores de reajuste do piso e contra o INPC.

Ainda sem todos os números, o presidente da CNTE, Roberto Franklin de Leão, acredita que a adesão à greve, que termina dia 19, com uma manifestação em Brasília, será significativa: "No primeiro dia já é possível perceber a movimentação nos estados, houve muitas atividades e diversos sindicatos estiveram em Assembleia. O importante é que os trabalhadores estão utilizando esse momento de paralisação nacional para organizar o debate, se informar e reivindicar o melhor para a educação pública". 
1ª dia de greve: Porto Velho/RO
Nessa segunda-feira, Leão participou de eventos da categoria em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde 80% das escolas já aderiram à greve. No período da manhã houve debate com deputados federais e também um seminário sobre o Fundeb. 
No dia 19, quarta-feira, trabalhadores de todo o país virão para Brasília para promover um ato em defesa da educação, em uma tenda montada em frente ao Congresso Nacional, a partir das 9h da manhã. O presidente da CNTE explica a importância da manifestação: "As autoridades brasileiras precisam ver que a categoria está mobilizada e que vai continuar lutando para que o PNE entre em vigor, pelos royalties do petróleo, pelos 10% do PIB para educação pública, para que a lei do piso seja cumprida. Essa lei é o início de um processo de valorização dos trabalhadores de educação. O nosso objetivo é que todos os trabalhadores que atuam na área, inclusive os funcionários da educação, tenham piso, carreira, reconhecimento".
Para amanhã, dia 18, estão previstas atividades em vários pontos do Brasil. Confira a programação de alguns sindicatos filiados para os próximos dias:

1ª dia de greve: Maceió/ALSINTEAL/AL

18/03 - atividades de luta em Arapiraca (com participação dos núcleos regionais do Sinteal)
08h: imprensa local
09h: praça da prefeitura
19/03 - participação de Ato Nacional em Brasília (DF) e Assembleia da rede municipal de Maceió
20 e 21/03 - continuidade da greve na rede estadual (caso não haja negociação ou definição do atendimento à pauta)
21/03 - Assembleia de avaliação para encaminhamento da luta
SIMMP/VC/BA
Dia 18 – Assembleia Geral, no auditório do Colégio Modelo
Dia 19 – Atividade de Formação, no auditório do Colégio Modelo
SINDIUTE/CE
Dia 18 – Passeata saindo da Praça da Bandeira indo até a Praça do Ferreira, indo com as alas da educação infantil, ala do ensino fundamental, ala dos professores/as, todos caracterizados com as camisetas da manifestação
APEOC/CE
Dia 18 – Ato Público em frente ao Palácio do Governo, às 10h, com representantes detodas as cidades da região metropolitana de Fortaleza
Dia 19 – Feriado em todo o Estado do Ceará , dia de São José padroeiro do estado
SINDIUPES/ES
Serra
Dia 18:
8h -Ato Público conjunto no HortoMercado da Enseada do Suá, Vitória
15h- Protesto em frente a Prefeitura da Serra
Dia 19:
14h - Assembleia no Centro de Treinamento de Carapina
Vila Velha
Dia 18:
8h – Ato Público conjunto no Hortomercado da Enseada do Suá, Vitória. Concentração às 7h em frente ao Shopping Praia da Costa
Vitória
Dia 18:
8h – Concentração em frente ao pedágio da 3ª ponte, em seguida, seguir para HortoMercado para ato público conjunto
15h30min - Manifestação em frente à PMV
SINTEGO/GO
18/03 - 09h: Aula da Cidadania no Palácio Pedro Ludovico Teixeira
19/03 - 06h: caravana à Brasília saindo da Praça do Trabalhador em Goiânia
SINPROESEMMA/MA
18/03 - 09h: debates sobre os rumos da os rumos da educação pública no Maranhão, na Praça Benedito Leite, no Centro de São Luís.
SIND-UTE/MG
18/03 - serão protocoladas denúncias ao Ministério Público, em todas as regiões do Estado, sobre os problemas do Programa Reinventando o Ensino Médio, principalmente sobre a negativa de matrículas (a matrícula à noite é aceita apenas para jovens com carteira de trabalho assinada), por parte do Governo Estadual. Também serão organizadas caravanas a Brasília com educadores para participar da Greve Nacional da Educação.
19/03 - a categoria participa de duas frentes. Caravanas partirão de todas as regiões do Estado rumo a Brasília, para participar da manifestação da CNTE. Paralelamente, educadores de toda Minas Gerais participam, às 16 horas, de Audiência Pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que discutirá a Campanha Salarial 2014 da categoria, com mobilização de toda a comunidade escolar.
SINTEPP/PA 
18/03 - atos municipais
25/03 - 15h: Assembleia geral da rede estadual - CCNT/UEPA
SINTEM - João Pessoa/PB
17/03, 18/03, 19/03 – paralisação total
SINTEP/PB
18/03 - 14h30: comemorações do Dia Internacional da Mulher em João Pessoa
25/03 - Assembleia geral da rede estadual na sede do SINTEP/PB
SINTEPE/PE
Dia 18 – Ato Público com panfletagens no Recife
Dia 19 – Mobilização nos meios de comunicação com envio de e-mail para o Governador, Prefeitos, Secretários e Deputados Federais e Estaduais e Senadores, denunciando a situação das escolas
SINTE/PI
18/03 - concentração em frente à APPM
APP/PR
18/03 - Debate sobre a saúde e corte do auxílio-transporte (aulas de 30 minutos)
- Às 10h30: atos em todas as regiões do Estado em defesa de atendimento de qualidade a saúde. Para saber sobre o ato em sua localidade, entre em contato com o Núcleo Sindical da APP da sua região.
- No período da tarde e da noite, nas vias próximas às escolas, educadores(as) farão panfletagens sobre o dramático quadro da saúde da categoria
19/03 - Grande ato em Curitiba, com concentração a partir das 9h, na Praça Santos Andrade, e caminhada rumo ao Palácio Iguaçu
SISMMAC/PR
Dia 19 – Mobilização em frente ao Paço Municipal e Assembleia Extraordinária
SISMMAR/PR
Dia 18 – Mobilização nas Escolas
Dia 19 – Paralisação das atividades
SINTE/RN
Em Greve desde 29/01
Dia 18 – Debate sobre o PNE/Projeto de Lei do Senado X Projeto de Lei da Câmara Federal
Dia 19 – Assembleia da Rede Estadual
SINTERO/RO
18/03 – caravanas do interior em Porto Velho
CPERS/RS
Dia 18 – Atividades no Núcleo
Dia 19 – Ato Estadual, com concentração às 10h00 em frente ao CPERS/Sindicato
SINTERG/RS
Dia 18 – Plenária sobre PNE e Piso
Dia 19 – Panfletagem e plebiscito no Largo Dr. Pio e Câmara dos Vereadores e Prefeitura
SINPROSM/RS
Dia 19 – Paralisação das atividades
APMI/RS
Dias 17, 18 e 19 – Não estará em greve, mas apoia o movimento da Greve Nacional
SINPROCAN/RS
Dia 19 – Paralisação das atividades
SINTE/SC
18/03 – 14h00 – Assembleia estadual do magistério no centro sul, em Florianópolis
APEOESP/SP
Dia 18 – Aulas Públicas sobre a Política Educacional do Governo Estadual e visita as escolas
Dia 19 – Atos Públicos defronte às Diretorias de Ensino
Dia 20 – Reunião de Representantes de Escolas
SINPEEM/SP
Dia 18 – Paralisação das atividades e ato público pela valorização profissional e condições de trabalho
SINTET/TO
18/03 - 08h:Assembleia Rede Estadual, na Escola Anne Frank, Quadra 110 Norte.

fonte: CNTE

sexta-feira, 7 de março de 2014

Atenção professores!

A CONTEE lança mais uma nota de alerta sobre a utilização de verba pública no setor privado de ensino.

Neste momento de luta em defesa de um Plano Nacional de Educação (PNE) que de fato reflita no fortalecimento da educação pública no Brasil, um dos pontos-chave da discussão, como já destacado reiteradas vezes pela Contee, diz respeito aos programas governamentais, como ProUni, Pronatec e Fies, e a relação entre a necessidade de expansão das matrículas nos ensinos técnico e superior nas instituições públicas e uma temerária opção – defendida pelos empresários da educação – de fazê-lo via iniciativa privada
No que toca especificamente o caso do Fies, este foi justamente um dos aspectos abordados na audiência pública da última terça-feira (25) pela coordenadora-geral da Contee, Madalena Guasco Peixoto, que apontou a alteração no foco feita pelo Senado em relação ao que havia sido aprovado pela Câmara a respeito da participação do financiamento estudantil na expansão do ensino técnico. No texto votado em 2012 pelos deputados, constava, na Estratégia 11.7, a intenção de “expandir a oferta de financiamento estudantil à educação profissional técnica de nível médio oferecida em instituições privadas de educação superior”. Por sua vez, a redação aprovada pelos senadores determina a expansão da “oferta de educação profissional técnica de nível médio oferecida em instituições privadas de educação superior, inclusive por meio de financiamento estudantil”. Pode parecer uma mudança sutil, mas, em seu cerne, está embutida uma clara opção de expansão da oferta particular de vagas em detrimento da escola pública.
Não é por acaso que o Portal da Contee traz esse aspecto de volta à baila. No mesmo dia em que a coordenadora-geral da Confederação ponderava sobre a questão na Câmara, o plenário do Senado aprovou a Medida Provisória (MP) 626/13, que abriu crédito extraordinário de R$ 2,53 bilhões para atender a concessão de financiamento estudantil. A matéria havia sido votada em dezembro pelos deputados e seguiu agora para a sanção do governo federal.
O Executivo justificou que a suplementação de recursos é essencial para assegurar a continuidade de acesso de estudantes ao ensino superior não gratuito, por meio do pagamento de novos financiamentos e de aditamentos de financiamentos já contratados. O governo também destacou que, nos últimos três anos, houve um crescimento exponencial na demanda pelo Fies, devido a três fatores: a redução da taxa de juros praticada no financiamento; a ampliação dos prazos de carência e de pagamento; e a criação do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (Fgeduc), que dispensa a exigência de fiador para estudantes de menor renda.
A Contee em nenhum momento nega o significado do programa – assim como do ProUni e do Pronatec – na vida dos filhos dos trabalhadores e trabalhadoras. É preciso ter em mente, contudo, que tais ações representam medidas emergenciais e transitórias, não podendo suplantar a necessidade de expansão e investimento na qualidade da educação pública, a qual – esta sim – representa uma estratégia essencial para o desenvolvimento do país. Portanto, a luta para que os 10% do PIB nacional sejam investidos exclusivamente na educação pública é imprescindível, bem como o é a batalha para que o Estado não abra mão de sua responsabilidade quanto à tarefa de expandir matrículas públicas no ensino técnico e na educação superior, transferindo-a – juntamente com os recursos públicos que a ela competem – para o setor privado.
Para se ter uma ideia da relevância da questão, na mesma terça-feira da audiência na Câmara e da votação da MP no Senado, o Portal iG publicou reportagem revelando que, apenas em janeiro de 2014, 102 mil universitários contrataram o Fies. Desde 2010, segundo a matéria, o número é de 1,2 milhão. Trata-se, indiscutivelmente, de uma oportunidade para estudantes que, neste momento, de outra forma, poderiam não ter acesso ao ensino superior, em função de carência de investimentos nas instituições públicas. Contudo, trata-se – e isto também é inegável – de uma oportunidade ainda maior para as instituições privadas, que recebem os repasses diretamente do governo federal, sem qualquer risco de inadimplência.
Na mobilização pelo PNE JÁ, a Contee defende que investimentos públicos devem ser destinados à educação pública. Havendo o financiamento, como medida emergencial e transitória, este precisa ser regulado e fiscalizado, a fim de garantir a qualidade do ensino oferecido e da instituição credenciada. Recentemente, os casos da Universidade Gama Filho (UGF) e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade), no Rio de Janeiro, expuseram o ponto nevrálgico da mercantilização do ensino no país. Infelizmente, porém, casos semelhantes ocorreram antes com outras instituições e seguirão ocorrendo enquanto o governo continuar sendo um dos principais indutores do ensino superior privado – e também do técnico –, com a ampliação da transferência de recursos públicos para faculdades e universidades particulares. Para combater a utilização de verbas públicas no agravamento da mercantilização do ensino, é urgente mais rigor nos critérios de adesão das instituições a programas como ProUni e Fies, bem como a regulamentação da educação privada sob as mesmas exigências legais aplicadas à rede pública.
Quanto ao PNE, a sociedade espera que ele reflita o respeito à educação como dever do Estado e direito de cada cidadão – e não como mercadoria.

fonte: CONTEE

Dia do Professor: Por valorização e nenhum direito a menos

  Foto: Freepik. Publicado 15/10/2023 - Atualizado 11/10/2023 No dia 15 de outubro, celebramos o Dia do Professor como uma data de luta, ref...