Todas as pesquisas demonstram que, embora tenha
ocorrido uma melhora no padrão de vida da população brasileira nos últimos anos,
os serviços, como transporte, saúde, educação etc., não melhoraram, ao
contrário, pioraram em virtude do processo de privatização. Os Governos Lula e
Dilma não reverteram esse processo. Entendo que também devemos avaliar o fato
da inflação ter impactado muito mais os serviços do que a cesta básica. Como as
metodologias costumam não captar esse aspecto, é claro que foi a classe média a
mais atingida. Os Governos Lula e Dilma não tiveram como foco das suas
políticas a classe média. Os vultosos gastos com a Copa das Confederações, sem
grandes melhorias para as cidades, aumentou a percepção do deslocamento das políticas públicas para os
interesses do capital, agravando o descontentamento de diferentes setores da
sociedade.
No que tange ao estopim do movimento
que vemos nas ruas hoje, o aumento das passagens, não é uma surpresa, pois, o
sistema de transportes nas grandes cidades brasileiras já entrou em colapso
desde os anos 1980, quando assistimos uma série de protestos nas ruas que
descambaram para o quebra-quebra. Nos anos 1990, a proposta
apresentada pelo neoliberalismo para enfrentar esse problema foi a privatização
dos serviços públicos.
No Rio de
Janeiro, primeiro estado a aderir ao programa federal de desestatização, o
Governo Marcelo Alencar, durante a era FHC, deu início a esse processo, com a
privatização da FLUNITRENS, METRÔ e CONERJ (barcas). Cabe ressaltar que Amaury Ribeiro Jr, autor de “A Privataria Tucana”, denunciou,
com base em documentos obtidos em juntas comerciais, cartórios, no Ministério
Público e na Justiça, um esquema de corrupção durante as privatizações dos anos
1990, o que ele considera ser a ponta de um iceberg que poderia vir à tona com
a instalação de uma CPI no Congresso. Curiosamente, todos os grandes veículos
de comunicação brasileiros boicotaram explicitamente a divulgação do livro, o
que não impediu a consagradora venda de 115 mil exemplares dois meses após o
lançamento.
Devemos retomar a bandeira da estatização
dos transportes públicos. É preciso reverter a atual tendência de intervenções
urbanas voltadas para atender exclusivamente aos interesses do capital.
Precisamos lutar por uma cidade para todos os seus cidadãos! Em meio a essa
crise, é importante também fortalecer as instituições democráticas, pois, é
através delas que podemos encontrar soluções para os problemas sociais.
Os governos comprometidos com as causas
populares e a sociedade civil organizada, como os sindicatos, associações de
bairros e as entidades estudantis, precisam responder rapidamente a essa
questão e saírem da inércia. As entidades da sociedade civil devem ir para as
ruas com as suas bandeiras em defesa da democracia e dos serviços públicos
acessíveis a todos e de qualidade. O governo federal deve coordenar a ação dos
prefeitos com vistas à redução das passagens de ônibus, meia passagem para os
estudantes universitários e passe livre para os estudantes da educação básica
em todo o Brasil.
Márcio Franco
Junho/2013
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